segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Reencarnação

O julgamento de um fato se dá a partir dos nossos conceitos de “certo” ou “errado”, “verdade” ou “mentira”. Esses conceitos são reflexos da nossa sociedade, cultura, criação e da incessante construção da nossa personalidade. Mas também...de tudo que trazemos de existências anteriores.
            Talvez para algumas pessoas seja absurdo ou estúpido pensar que já vivemos e ainda iremos viver muitas e muitas existências corpóreas. Natural. Dentro de nossas possibilidades, da nossa criação, dos valores culturais produzimos ou não determinada crença. (e essa é apenas a minha)
            Tentarei exemplificar melhor: Séculos atrás, o planeta Terra era considerado quadrado. Essa era a realidade daquela época, dentro das condições sociais e tecnológicas. Quem dissesse o contrário era perseguido e condenado. Com o avanço das investigações e o advento de determinada ciência, houve a constatação que o planeta na verdade era rendondo. Foi comprovado e hoje é um fato.
            Assim vejo a reencarnação. Não como algo restrito apenas a algumas religiões, mas um fato que a ciência não tardará a comprovar.
            Imagine: Você cometeu um erro grave. Não terá chances de se arrepender? De tentar novamente? Ficará eternamente no “inferno”?
            Não sei você, caro leitor, mas eu acredito que as possibilidades de reparação serão inúmeras. Terá infinitas chances de arrependimento, reparação e de busca da felicidade.
            Você não será condenado a viver eternamente no “inferno”. Terá oportunidades, muitas. Mas tudo dependerá do esforço em vidas posteriores para quebrar o ciclo da ignorância e melhorar gradativamente.
            Então surge o seguinte questionamento: - Se a reencarnação é para depuração (melhoramento do ser) porque a humanidade está tão caótica?
            Porque insistimos em cometer os mesmos erros vida após vida. Em permanecer no ciclo vicioso da ignorância e do egoísmo. Simplesmente.
            Às vezes demoramos muito no mesmo equívoco e infelizmente o nosso remédio acaba sendo a dor. Ainda não conseguimos crescer através do amor, por isso nos ferimos, machucamos o próximo e sofremos, sofremos muito até recuperarmos a consciência de que algo precisa mudar. E esse algo, somos nós mesmos. Mas toda essa mudança é processual e lenta, pois quebrar certos vícios demanda esforço, tempo e paciência.
            Somos o reflexo de nossas escolhas. Portanto, não imagine que Deus irá consertar os seus erros. Não fique esperando sentado. Se assim o fosse, que mérito teríamos? Seríamos marionetes.
            Ele te proporciona subsídios para você buscar a força necessária que te falta, a ajuda que você tanto precisa. Mas tudo depende apenas de você, da sua vontade e determinação. O auxílio sempre surge, basta estarmos abertos para receber.

 Milena Macena do Espírito Santo

                           

sábado, 14 de novembro de 2015

Dói e pronto!

Enxaqueca dói. Unha encravada dói. Perna quebrada dói. Câncer dói. Depressão dói. Gastrite dói. Crueldade dói. Acidente dói. Fatalidade dói. Tragédia é tragédia em qualquer lugar. A “dor dói” não importa o julgamento das pessoas, porque só quem sente sabe. Não existe dor pequena ou dor grande! Dói e pronto!
            Você liga a televisão e se depara com o horror em Paris, e aqui em Minas também. O que você pode fazer pra ajudar? Ou melhor, o que você pode não fazer e que vai ajudar muito?
            Depois das últimas noticias me deparei com uma enxurrada de debates nas redes sociais mais ou menos nesse nível: “Qual a maior tragédia?” Brasil ou França?” “qual a que mais te tocou?”,  percebi que talvez tenhamos chegado realmente no “fim dos tempos” com essas comparações esdrúxulas.
            Sei que a mídia é manipulada e enfatiza o que convém, mas nada justifica as reações extremamente intolerantes em relação a essas tragédias! Se o mundo está como está é justamente por intolerância, por esse ciclo vicioso de sempre responder um mal com outro pior.
            Vamos focar no que pode ser feito para aliviar essa onda de pessimismo que nos assola. E parar de proliferar esse ódio doentio nas redes sociais, Por favor gente! Chega de agressões inúteis. O que estiver ao nosso alcance para evitar situações ainda piores, faremos. Mas com calma, sem essa passionalidade excessiva que destrói tantas amizades.
            Só posso e quero crer que toda crise, toda dor é sinal de mudança. Que as coisas estão críticas para encontrarmos situações de resolução de todos esses conflitos, e quando enfim encontrarmos iremos saber conviver com o próximo e o planeta se transformará em um lugar melhor. Estamos muito doentes, as pessoas são descartáveis. A morte, a violência banalizou. Então, vamos tentar não piorar as coisas, menos ódio e mais muito mais amor, sempre! 
            As opiniões contrárias são importantes para nosso aprendizado e crescimento, eu mesma escrevo sem conhecimento de causa, apenas com o sentimento que carrego comigo agora, nesse momento. Não tenho dimensão alguma se algo afetará e como tocará alguém. Às vezes pecamos nos argumentos por falta de conhecimento, por ignorância. Então, vamos ter paciência e dosar nossos sentimentos pra evitar a contaminação geral dessa raiva desmedida.

            Tragédia é tragédia. Dor é dor. Brasil, França, estamos todos de luto. 
Milena Macena
             
             Ilustração maravilhosa: Felipe guga

                      

sábado, 12 de setembro de 2015

Suicídio (Setembro Amarelo)

Vamos conversar sobre aquele assunto que todos evitam, ignoram, julgam e pouco se sabe a respeito: o suicídio.
            Essa temática tão polêmica fere em demasia a todos que já perderam um amigo ou familiar para o desespero e a desesperança. A maioria dos casos relaciona-se diretamente com doenças sérias de ordem psicológica como a depressão e transtornos de ansiedade.
            Nem sempre tais doenças são desencadeadas por motivações concretas (traumas), muitas vezes o próprio organismo do indivíduo tem predisposição (genética). Não é raro observar comportamentos estranhos em crianças, por isso é extremamente necessário ficar atento a qualquer mudança de humor ou atitude “excêntrica”. Como nem sempre a criança sabe verbalizar o que sente, ela demonstra no comportamento, e pode até chegar a colocar-se em perigo.
            No fundo ninguém quer acabar com a própria vida, querem livrar-se do sofrimento em que se encontram e acabam, erroneamente, no momento de desespero, querendo livrar-se de si mesmo. (mas sabemos que a morte não resolve, mas isso vai de acordo com a crença de cada um)
            Por isso é importante o apoio, mas especialmente a compreensão da família e dos amigos para melhorar a qualidade de vida do indivíduo acometido pelo “sofrimento interno”. É fácil perceber e diagnosticar doenças físicas, a maioria delas são visíveis aos olhos de todos. Mas aquela dor interna, aquele luto, o grito abafado, o terror do vazio só é visto por quem vê com a alma. Por isso há tanto tabu e preconceito em nossa sociedade, porque vivemos de aparência, somos superficiais e não mergulhamos na dor do próximo.
            Mas tudo que as pessoas precisam é de uma mão estendida, uma palavra amiga e um tratamento adequado. A psiquiatria e a psicologia são essenciais para auxiliar o indivíduo na recuperação do seu equilíbrio emocional, pode ser aliado a uma religião que promova o bem estar e a um esporte ou qualquer atividade física que ajude a recuperar o prazer em viver.
            Por que tudo, absolutamente tudo tem tratamento e melhora, e renovar as esperanças dessas pessoas deve ser um trabalho de todos nós, amigos e familiares.
            Quando acharem que não há solução e o céu está cinza, sejamos o Sol para eles. Compreensão e menos julgamento.
            
        Ajude você também na Prevenção do Suicídio, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu "Setembro amarelo", fiquemos atentos! Mais amor e compreensão! 

Milena Macena do Espírito Santo



sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Mumuzinha,

Nos conhecemos na terceira série, mas só nos tornamos amigas na oitava.
   Você sorria por coisas bobas e eu dava gargalhada.
   Você sempre gostou de desenhar roupas, e eu de conversar.
   Você se estressava a cada 5 minutos e eu adorava te irritar.
   Éramos péssimas em tudo que envolvia cálculo, mas gostávamos de história, literatura e redação.
   Íamos e voltávamos juntas da escola, sempre era grande a diversão.
   Fizemos vôlei e gostamos do mesmo garoto, eu nunca quis saber dele e você também não.
   Você me ligava a cada dez minutos e eu te dava atenção.
   Você sempre foi um porto seguro em meio a confusão
   De repente você cresceu e criou asas, as ligações se tornaram escassas 
   Então a universidade nos distanciou.
   Cursos e compromissos o tempo ocupou
   Mas sempre fomos amigas , sempre fomos irmãs e essa relação jamais terminou
   Porque possui raízes profundas e são regadas de tempos em tempos.
   E agora você está tão crescida e madura. 
   E eu tive a sorte de está ao seu lado, nos processos e desfechos da sua vida. Nos começos e fins. Nas vírgulas ou nos pontos. Nas lágrimas e nos sorrisos.
   Você que era tão insegura , se tornou uma mulher madura e forte. Aliás, forte você sempre foi!, A vida sempre foi cheia de espinhos, mas você conseguia sentir o aroma das flores. Por que eu vejo luz em você minha amiga!.
   E aquela garota da terceira série se transformou e se tornou uma linda mulher! forte e cheia de si!
   E hoje mais do que nunca quero te parabenizar! não só por mais um ano de vida! mas especialmente por mais um ano de superação e de conquistas!

Milena Macena


domingo, 12 de julho de 2015

Notas sobre RELIGIÃO

Durante toda a minha vida acreditei não precisar de religião alguma. Sempre vislumbrei as diversas crenças como muletas que apoiam pessoas que não querem enfrentar seu próprio vazio existencial.
            Porque pra mim o mais importante sempre foi à conduta, a forma como tratamos o próximo e o jeito que convivemos em sociedade. Entrar em algum templo ou filosofia significava alienação, lavagem cerebral.
            Mas, analisando melhor, talvez eu estivesse bastante equivocada em alguns pontos. Há diversos benefícios em frequentar uma religião que te preencha, o problema consiste em nós mesmos: em fecharmos os olhos e pararmos de questionar, em deixar que pensem por nós, isso é a total perda da nossa individualidade e o fim da personalidade que adquirimos ao longo da nossa existência.
            A criticidade e autoanálise deve se fazer presente em todos os aspectos da vida. Portanto, uma religião que não suscite o autoconhecimento e interrogações pode ser extremamente prejudicial.
            Ensinar a pensar e a se construir pouco a pouco é primoroso. Jamais impor respostas prontas e acabadas, até porque ninguém é dono da verdade, ninguém.
            Não compreendo a separação e o abismo entre pessoas de diferentes crenças, mas entendo a necessidade de persuasão de algumas. Por se sentirem beneficiados e felizes acreditam que se o próximo também fizer parte de determinado culto irá se “salvar”, nesse caso sabemos a preocupação e boa vontade das pessoas envolvidas nesse chamamento. No entanto, pensamos e sentimos diferentes, o que é muito bom pra você talvez não seja para mim, temos nossas particularidades e necessidades próprias.
            Ocorre de imediato um isolamento entre os “salvos” e os “impuros”, caso não aceitem serem domados não poderão se relacionar com fulano ou cicrano, por incompatibilidade de crenças. Ora, se Deus é amor, e acredito realmente que seja, não haverá dessa forma problema algum em nos unirmos por um sentimento maior, ao invés de repelirmos o outro.
            É muito fácil e conveniente acreditar em um Deus justo e bom, sem levar em consideração as motivações que o tornam tão perfeito. Porque ele é justo e bom? É necessário entender e não assimilar simplesmente no automático. Fé é uma lenta construção, ninguém pode dar nem doar, muito menos comprar.
            Há conceitos diversos sobre Deus e ninguém está certo e nem errado, cada um tem um tempo e uma forma de entendê-lo. Não existem verdades absolutas e inquestionáveis, mas certamente ele não é nenhum ditador, te deixa livre para fazer suas próprias escolhas e ser quem você quiser ser, no seu próprio tempo.
            Nenhum padre, pastor ou doutrinador deve ser idealizado, são pessoas como nós, repleto de falhas e contradições. Estamos todos aqui para ajudarmos uns aos outros, independente de posição, status ou qualquer outra coisa. A aprendizagem é uma linha de mão dupla, ninguém está terminado, estamos em construção incessantemente. Ensinamos e aprendemos o tempo todo.

            Dessa forma, penso que pensar seja a solução para não se deixar alienar nem domar.. E que no nosso próprio tempo a partir de nossas escolhas estaremos mais próximo das respostas, mesmo que nunca cheguemos de fato a elas. Não precisamos concordar com tudo, mas necessitamos respeitar sempre.
Milena Macena do Espírito Santo
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quinta-feira, 4 de junho de 2015

Porque o amor Incomoda?!

O que mais me impressiona na sociedade é a reação contrária à felicidade das pessoas e a banalização da violência.
            Porque o amor incomoda tanto?
            Porque a violência é tão natural?
            São muitas as manifestações de repúdio aos casais homoafetivos retratados na novela da rede Globo “Babilônia”, e recentemente em relação ao comercial do dia dos namorados da perfumaria “O Boticário”.
            Não consigo encontrar coerência nas pessoas que pregam e exigem respeito e naturalizam completamente a violência.
            Homofobia é violência.
            Tanto o comercial quanto a novela retratam a sociedade atual em suas múltiplas facetas. Pessoas que se amam e querem ficar juntas,  o que há de errado nisso?
            O mais chocante é que a população parece não se incomodar com a violência exacerbada nos filmes e novelas. Mas, basta um casal homoafetivo querer adotar uma criança que os falsos moralistas se fazem presentes e clamam por proibições, boicotes, petições e por aí vai...
            Alegam que crianças jamais saberão distinguir sua “opção sexual” ao terem como exemplo pais do mesmo sexo, o que é estranho, pois se assim fosse só existiriam casais heterossexuais (crianças que são criadas por pais de sexos diferentes jamais seriam homo). Não acredito que a homoafetividade seja uma questão de escolha, caso contrário dificilmente optariam por enfrentar uma sociedade tão preconceituosa. Provavelmente todos nós já nascemos hetero ou homo.
            Não consigo encontrar motivos para tratar como “diferentes” tais casais. As pessoas nasceram para serem felizes,independente da sexualidade, cor ou gênero. Só em pensar que meus amigos e amigas gays possam ser insultados me causa indignação. Porque o preconceito é que deve ser abolido, a violência boicotada e a corrupção suscitar repugnância.
            O Brasil em crise, roubalheira desenfreada, políticos rindo da nossa cara e a população preocupada com casais que só querem se amar em paz?! Olha...o conceito de moralidade desse país deve ser revisto imediatamente. Porque pra mim, imoralidade é roubo, violência, abandono e descaso.
            O que realmente importa é a conduta, o respeito e a preocupação com o próximo. Porque se importar tanto com a felicidade alheia? Porque isso incomoda?.  Não perca tempo atacando o afeto, a manifestação deve ser contra qualquer ato de violência.
            Viva a diversidade, a felicidade e o afeto. Ataque à corrupção e o descaso.
 Milena Macena Do Espírito Santo

           


quarta-feira, 27 de maio de 2015

A Lenda do Peixinho Vermelho



"No centro de formoso jardim, havia um grande lago, adornado de ladrilhos azul- turquesa.
Alimentado por diminuto canal de pedra, escoava suas águas, do outro lado, através de grade muito estreita.
Nesse reduto acolhedor, vivia toda uma comunidade de peixes, a se refestelarem, nédios e satisfeitos, em complicadas locas, frescas e sombrias. Elegeram um dos concidadãos de barbatanas para os encargos de rei, e ali viviam, plenamente despreocupados, entre a gula e a preguiça.
Junto deles, porém, havia um peixinho vermelho, menosprezado de todos.
Não conseguia pescar a mais leve larva, nem refugiar-se nos nichos barrentos. Os outros, vorazes e gordalhudos, arrebatavam para si todas as formas larvárias e ocupavam, displicentes, todos os lugares consagrados ao descanso.
O peixinho vermelho que nadasse e sofresse.
Por isso mesmo era visto, em correria constante, perseguido pela canícula ou atormentado de fome.
Não encontrando pouso no vastíssimo domicílio, o pobrezinho não dispunha de tempo para muito lazer e começou a estudar com bastante interesse.
Fez o inventário de todos os ladrilhos que enfeitavam as bordas do poço, arrolou todos os buracos nele existentes e sabia, com precisão, onde se reuniria maior massa de lama por ocasião de aguaceiros.
Depois de muito tempo, à custa de longas perquirições, encontrou a grade do escoadouro.
À frente da imprevista oportunidade de aventura benéfica, refletiu consigo:
- "Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?"
Optou pela mudança.
Apesar de macérrimo, pela abstenção completa de qualquer conforto, perdeu várias escamas, com grande sofrimento, a fim de atravessar a passagem estreitíssima.
Pronunciando votos renovadores, avançou, otimista, pelo rego d'água, encantado com as novas paisagens, ricas de flores e sol que o defrontavam, e seguiu, embriagado de esperança...
Em breve, alcançou grande rio e fez inúmeros conhecimentos.
Encontrou peixes de muitas famílias diferentes, que com ele simpatizaram, instruindo-o quanto aos percalços da marcha e descortinando-lhe mais fácil roteiro.
Embevecido, contemplou nas margens homens e animais, embarcações e pontes, palácios e veículos, cabanas e arvoredo.
Habituado com o pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais perdendo a leveza e a agilidade naturais.
Conseguiu, desse modo, atingir o oceano, ébrio de novidade e sedento de estudo.
De início, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma baleia para quem toda a água do lago em que vivera não seria mais que diminuta ração; impressionado com o espetáculo, abeirou-se dela mais que devia e foi tragado com os elementos que lhe constituíam a primeira refeição diária.
Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção no bojo do monstro e, não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece foi ouvida, porque o valente cetáceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes marinhas.
O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias simpáticas e aprendeu a evitar os perigos e tentações.
Plenamente transformado em suas concepções do mundo, passou a reparar as infinitas riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, animais estranhos, estrelas móveis e flores diferentes no seio das águas. Sobretudo, descobriu a existência de muitos peixinhos, estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia maravilhosamente feliz.
Vivia, agora, sorridente e calmo, no Palácio de Coral que elegera, com centenas de amigos, para residência ditosa, quando, ao se referir ao seu começo laborioso, veio a saber que somente no mar as criaturas aquáticas dispunham de mais sólida garantia, de vez que, quando o estio se fizesse mais arrasador, as águas de outra altitude, continuariam a correr para o oceano.
O peixinho pensou, pensou... e sentindo imensa compaixão daqueles com quem convivera na infância, deliberou consagrar-se à obra do progresso e salvação deles.
Não seria justo regressar e anunciar-lhes a verdade? não seria nobre ampará-los, prestando-lhes a tempo valiosas informações?
Não hesitou.
Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no Palácio de Coral, empreendeu comprida viagem de volta.
Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou para os canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar.
Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava, varou a grade e procurou, ansiosamente, os velhos companheiros. Estimulado pela proeza de amor que efetuava, supôs que o seu regresso causasse surpresa e entusiasmo gerais. Certo, a coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa verificou que ninguém se mexia.
Todos os peixes continuavam pesados e ociosos, repimpados nos mesmos ninhos lodacentos, protegidos por flores de lotus, de onde saíam apenas para disputar larvas, moscas ou minhocas desprezíveis.
Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção, porquanto ninguém, ali, havia dado pela ausência dele.
Ridicularizado, procurou, então, o rei de guelras enormes e comunicou-lhe a reveladora aventura. O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e permitiu que o mensageiro se explicasse.
O benfeitor desprezado, valendo-se do ensejo, esclareceu, com ênfase, que havia outro mundo líquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma insignificância que podia desaparecer, de momento para outro. Além do escoadouro próximo desdobravam-se outra vida e outra experiência. Lá fora, corriam regatos ornados de flores, rios caudalosos repletos de seres diferentes e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez mais rica e mais surpreendente. Descreveu o serviço de tainhas e salmões, de trutas e esqualos. Deu notícias do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira o céu repleto de astros sublimes e que descobrira árvores gigantescas, barcos imensos, cidades praieiras, monstros temíveis, jardins submersos, estrelas do oceanos e ofereceu-se para conduzi-los ao Palácio de Coral, onde viveriam todos, prósperos e tranqüilos. Finalmente os informou de que semelhante felicidade, porém, tinha igualmente seu preço. Deveriam todos emagrecer, convenientemente, abstendo-se de devorar tanta larva e tanto verme nas locas escuras e aprendendo a trabalhar e estudar tanto quanto era necessário à venturosa jornada.
Antes que terminou, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção.
Ninguém acreditou nele.
Alguns oradores tomaram a palavra e afirmaram, solenes, que o peixinho vermelho delirava, que outra vida além do poço era francamente impossível, que aquelas história de riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro demente e alguns chegaram a declarar que falavam em nome do Deus dos Peixes, que trazia os olhos voltados para eles unicamente.
O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em companhia dele até a grade de escoamento e, tentando, de longe, a travessia, exclamou, borbulhante:
- "Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas? Grande tolo! vai-te daqui! não nos perturbes o bem-estar... Nosso lago é o centro do Universo... Ninguém possui vida igual à nossa!..."
Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e instalou-se, em definitivo, no Palácio de Coral, aguardando o tempo.
Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca.
As águas desceram de nível. E o poço onde viviam os peixes pachorrentos e vaidosos esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama..."


Retirado do prefácio do livro "Libertação", de André Luiz
Psicografia de Francisco Cândido Xavier
Edição FEB

                     

domingo, 10 de maio de 2015

Mamães

        Sem dúvida ser mãe é ter uma porção de divindade e todo o resto de amor, que, aliás, deve ser a mesma coisa.
            É preocupação o tempo todo, mas recompensas de sobra.
            Para ser mãe não precisa de receita nem bula, e sim disposição e afeto.
          As mamães não se importam se seus filhos nasceram do seu próprio ventre, porque mãe é escolha! Escolhem os seus por um amor inexplicável e incondicional.
            Sabe, acho mesmo que mãe é um pouco de paraíso, porto seguro, firmeza e delicadeza, é tudo isso e muito mais. É tanto que as palavras se tornam escassas.
            Elas aproveitam cada fase dos seus filhos intensamente, pois sabem que a constatação das asas é verdadeira. Os filhos nascem tão dependentes e o melhor mesmo é aproveitá-lo enquanto são, cobrindo de carinho, proteção e cuidado. Mas logo, quando elas menos esperam as asas crescem e o voo se torna necessário para ambos. Então, tudo que foi aprendido e assimilado passará adiante, na nova etapa.
            Mas essa nova etapa está repleta de gratidão, e não importa à distância nem o tempo, nossas mães são como anjos que nos guiam em nossa jornada. Estaremos ligadas para sempre através de um sentimento maior que nós mesmos.
            Tudo que elas mais querem é saber que a educação valeu a pena.  Que nossa saúde tá boa e o sorriso está estampado. Porque mãe faz de tudo para sermos felizes.
            Feliz Dia das Mães para todas as mamães, especialmente para a minha, que não mede esforços para capturar o melhor de mim e do meu irmão. Que me inspira diariamente com seu amor, atenção e paciência (e haja paciência). Que além de mãe é amiga, companheira, confidente. Agradeço a Deus todos os dias pela bênção que tenho em ter você como mãe! Te amo e melhor mãe não poderia ter! Obrigada por ser quem é e por toda a educação!
     Milena Macena do Espírito Santo