Éramos cinco: eu, minha mãe, minha tia e
minhas duas grandes amigas Monique e Stephanie. Destino: Mucugê – Chapada Diamantina
(BA).
Creio
que o Brasil inteiro já ouviu falar das belezas naturais da Chapada. Meu irmão
já tinha ido e adorado, meus amigos idem. Então chegou a minha vez, ou melhor,
a nossa! De desfrutar dessas maravilhas.
Um
dia antes já estava tudo mais que pronto! Espírito de aventura, praticamente
uma desbravadora!.
Minha
amiga Monique me liga avisando que iria levar os cartões de crédito para gastar
no shopping local. Pausa! Kkkkk não aguento!. Foi assim, com uma crise de riso
que ela descobriu que iríamos era para a natureza! Foi um choque e tanto pra
ela! E risos infinitos pra gente!
No
dia seguinte à noite fomos à agência de viagem, onde o ônibus saiu rumo a
Bahia, 10 horas de estrada.
Chegamos
pela manhã, tremendo de frio. Colocamos nossas coisas no quarto da pousada, nos
vestimos “a caráter” (bermuda, tênis, chapéu) e partimos para a primeira
trilha. Monique estava bastante inconformada com a viagem sem luxo e sem a
agitação urbana. Já Stephanie não!, estava em seu habitat natural, ela é pura ecologia,
biologia, meio ambiente, saúde, tudo!.
Caminhamos,
Sol, caminhamos, muito Sol, caminhamos mais...Monique torceu o pé! Justo ela
que já estava cismada com a viagem e logo no primeiro passeio!. Na verdade a
queda foi muito engraçada, o pé dela enganchou entre duas pedras, só depois
percebi que ela silenciou e ficou quietinha sentada no chão. Eita, a coisa é
séria!. Caminhamos juntas, uma apoiando a outra e chegamos (Nossa! Ainda temos
que andar tudo de novo pra voltar!).
Para
a nossa surpresa de aventureiras principiantes, o nosso roteiro foi o menos
belo, percebemos. A água estava gelada. A “inteligência pura” que vos escreve
estava recém-operada e não podia sequer cair uma gota de água nos olhos (mas a
vontade de viajar era tanta). Então fiquei apenas olhando de longe, as vezes
chegava na beirinha como quem não quer nada, mas querendo muita coisa. A temperatura
da água me fez recuar e ser obediente.
Nem
preciso dizer o quanto Stephanie estava vibrando com o passeio, ela se jogava
nas pedras, cachoeiras e tudo que tinha pela frente, é uma mulher destemida
essa Téia!.
A
noite, ao chegarmos na pousada, percebemos que a perna de Monique estava inchada
e bem vermelha. Não havia farmácia, e nem a guia da agência estava com
primeiros socorros. Era tudo muito “natureba”.
Encontramos
um anti-inflamatório na bolsa e deixamos Monique com gelo, descansando a perna
dela, sozinha, assistindo TV. Saímos para jantar, estávamos a procura da “Pizza
da Garagem”, mas nos perdemos no meio do caminho.
Passamos
pelo mesmo beco escuro diversas vezes, com chuva prestes a cair, relâmpagos e
trovões. Chegamos bem. E a pizza? A melhor que já comi.
Mas
e Monique?, a dificuldade é que lá tudo preza muito pela preservação, e estão
super corretos, mas nós trogloditas não estamos habituados a certos hábitos. Não
fazíamos ideia de que não encontraríamos embrulho para levar a pizza. Tivemos que
comer tudo...kkkk. Na volta compraríamos um sanduíche vizinho à pousada.
Imaginem
só: uma cidadezinha calma, mas tão calma! Com uma energia forte, mas tão
forte!. Junte tudo: serra, chuva, árvores, beco escuro, trovão, relâmpago.
Corre,
gente! Corre! Olha o relâmpago! Corre! (saí feito uma louca correndo sem parar)
kkkk.
Stephanie
e minha tia ficaram paradas porque a barriga doía muito, de tanto gargalhar. Mas
para mim, parecia que o mundo acabaria ali mesmo!
Retornamos
apressadamente e bastante preocupadas com Monique, e ela lá no bem bom, já
tinha comido e tudo. Só havia guardanapo para cobrir o sanduíche, nada de
plástico, copo descartável, nada!.
Dormimos.
Alarme
tocando, café da manhã. É chegada a hora das “fortes emoções”: arvorismo,
tirolesa lá vamos nós. Quer dizer, Stephanie. Ela foi, eu demorei tanto pra
decidir que o tempo do arvorismo encerrou, fiquei só com a tirolesa. E mesmo
assim, foi muita adrenalina! Kkk
‘Boca”
nosso guia, que por sinal excelente!, nos levou até o cemitério bizantino, que
me deixou completamente fascinada. Tão fascinada que já estava em cima dos
túmulos sem saber kkkk. Boca teve que me dá uma bronca, contando a estória da
francesa curiosa (no caso a analogia era comigo, da tal francesa). “A francesa
ficou tão curiosa, mas tão curiosa! olhou o cemitério e caiu dentro do túmulo,
ficou lá dias com infecção generalizada, até o coveiro achar e cuidar dela”
kkkkkkkk. Não é a toa que o chamam de Boca.
Boca
nos contou que os extraterrestres (ET) costumam passear por lá, e resolveu nos
levar onde possivelmente os discos voadores pousaram da última vez que deram
uma esticadinha por aqui. Murmurinhos e risadas. Na verdade esse ET era sabido
demais, porque foi logo pousar na frente de um resort lindíssimo, chiquérrimo.
Entramos e tomamos cafezinho, esse Boca é mesmo um “marketeiro”.
Estórias
e risadas a parte, voltamos à noite depois de um dia longo, com direito a
arco-íris e tudo.
Agora
preparem-se para o passeio mais desejado por todas: o poço azul. Monique já
estava recuperada e ansiosa para o roteiro do dia. Esperamos horas até chegar
nossa vez de descer até o poço azul, que na foto era deslumbrante. Mas na hora
o Sol não bateu e tudo ficou uma caverna escura.
Enfim,
nossa vez. Umas senhoras, a garotada, minha mãe, minha tia, mumu, téia desceram.
Todas com coletes, porque a profundidade da água do poço são 20m. Todo mundo lá
embaixo, menos eu e dois rapazes que ficaram com medo.
Fui
enfática: - Moço não vou descer! É íngreme e molhado, vou cair e quebrar minha
coluna!
O
guia do poço, muito gentil, pediu que eu segurasse na corda enquanto ele
ajudava os dois rapazes. Obedeci entre lágrimas! Quáquáquá! Que boba!
Ouço
gritos!
-
MilenaaaaaAaAa! AaAa (eco) Cadê vocêÊê?!
-
Estou aqui em cimAaAaAa, vou descerrRr NãoOoO!
Uma
mulher chama minha atenção: - Ei não pode falar alto não! isso aqui pode
desabar! Aqui é tudo pedra!
Ah
tá obrigada!
Imaginem
só um lugar enorme dentro da terra que tem apenas uma flechinha de luz. Eu é
que não queria sair dessa luz.
O guia volta.
-
Vamos Milena! Não acredito que você vai desistir!
-
Eu também não! Mas tá bom aqui moço! Quero descer mais não! Ajude a mainha a
subir, por favor!
-
Você vai descer na minha cacunda! Venha! Eu te ajudo!
-
Não, obrigada (lágrimas, risadas e lágrimas) kkkk
-
Você vai chegar em Aracaju e dizer o quê?
-
Já me convenceu, eu vou!
Então
eu e meu herói descemos!. Definitivamente não sou de aventuras. Mas isso vocês
já sabem.
Graças
a Deus Terminamos o poço azul! no final nem sabemos que se tratava realmente do
tal poço. Chegamos a pousada, tomamos
chocolate quente e apagamos.
A
cidade era quase um deserto em pleno carnaval. Calmaria demais.
No
dia seguinte fomos ao Morro do Pai Inácio. Uma subida e tanto! Gigantesco e
lindo! Fabuloso! Paisagem sensacional!.
Após
o almoço, visitamos a cidade de Lençóis e retornamos para Aracaju. Mas espere
aí...
Uma
senhora não se sentiu bem durante a viagem e precisou usar o banheiro do
ônibus, só que a galera do fundão não aguentou e pediu que o ônibus parasse em
decorrência de um aroma desagradável. Coitada, ninguém merece!
Eu,
de forma bastante discreta peguei o desodorante e apertei lentamente pra ver se
ficava um cheirinho agradável. Foi então que todos tiveram a mesma ideia! E ficou
impossível permanecer naquele ambiente repleto de odores!. A janela não abria e
o ônibus era todo refrigerado.
Então,
o motorista muito educado e disposto, foi limpar o banheiro com a água de um
lago de um terreno que eles pularam a cerca pra pegar. Enquanto isso ficamos
todos na beira da estrada.
Minha
enxaqueca disparou, claro, foram tantos os perfumes!
Voltamos
ao ônibus e começamos a cantoria, violão, tudo muito bom, tudo muito legal. Mas
eu já estava “pralá de bagdá”, não aguentava mais perfume, barulho. E ainda
tinha a brincadeira do anjo. E lá vai eu falar no microfone. Era o seguinte:
cada pessoa ficava responsável por outra em segredo, você observava e cuidava
dela sem ela saber. É bem legalzinha. Mas a minha “anja” dava tanta bandeira,
descobri ela logo na primeira hora.
Tudo
que eu queria era minha casa e minha cama.
Depois
de tantas horas de náuseas, dor de cabeça, vômitos, cantoria, enfim, Chegamos!,
Graças a Deus!!!. Não tem coisa melhor do que retornar a nossa casa! Aos nossos
lençóis cheirosinhos, fofinhos e macios. Viajar é bom, mas a volta é melhor
ainda!